Balsa que atende comunidades rurais de Morada Nova parou de funcionar nesta terça-feira (10/12)
Indignados com a suspensão da Balsa Frei Orlando, moradores de Morada Nova de Minas, Região Central de Minas, fizeram uma manifestação no Porto São Vicente nesta terça-feira (10/12), local de onde partia a barca para a cidade de Abaeté. A decisão de interromper o transporte é da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Pescadora e moradora da região, Marta Vicentina explica que foi comunicado que a balsa no Porto Novo havia estragado e, por causa disso, a balsa do Porto Extremo precisou ser realocada para o lugar. Em razão do maior fluxo, a balsa do Porto São Vicente teve, então, que ser levada para o Porto Extremo “por tempo indeterminado”, como informou um funcionário aos moradores, segundo ela.
O Porto Extremo atende, principalmente, uma região de certa empresa “muito rica”, como descreve a também pescadora Flávia Aparecida de Souza. Marta conta que essa empresa teve como solucionar provisoriamente a situação com um barco, que comporta 40 passageiros. Ela alega que a balsa do Porto São Vicente é o meio de transporte de muita gente do local e, para muitos, a única forma de travessia. “E a gente, pobre, fica como? No prejuízo?”, questionou Flávia.
Ela afirma que a manifestação, que se estende desde o fim da madrugada, “não quer bagunça”, é pacífica, mas que vão ficar até quando for preciso. Ainda conforme a moradora, a Codevasf iria retirar a balsa hoje às 5h, porém, com a manifestação que reuniu cerca de 48 assinaturas, ela não saiu do local, mas permanece sem funcionamento.
Flávia ressalta que, sem a balsa, não há ônibus. Sendo assim, todos os moradores que não têm um veículo particular e dependem do transporte público são impedidos de realizar a travessia. “Vamos perder o nosso direito de ir e vir”. A única opção sinalizada por ela seria, então, arcar com o valor cobrado por quem tem carro, que consegue passar por um caminho em torno de 100 km maior.
“Sem essa balsa, a comunidade ficará isolada. Não tem como chegar a Abaeté, onde a maioria das pessoas trabalha. Uma ida até a cidade custa, de carro, R$ 350, ou seja, ida e volta ficaria em R$ 700. Ninguém aqui tem condições de pagar isso”, destacou Francisco Junior, um dos manifestantes.
Ele lembra, ainda, de quando a população ficou quase um ano sem a balsa, que retomou o funcionamento há pouco mais de dois meses. “Custou a voltar e, agora, querem tirar de novo? E sem data para voltar? É muita gente humilde que depende disso”, Flávia completou.
Os usuários denunciam que a comunidade local e ribeirinha precisa da balsa, que a decisão da Codevasf favorece a empresa mencionada, mas sem solução para os moradores que se ancoram na balsa como único meio de transporte. “Estamos abandonados pelo poder público. Ficaremos aqui, não arredaremos o pé. Queremos uma solução para o problema dos moradores da ilha”, Francisco disse.
Segundo ele, a balsa atende às comunidades de Veredas, Vila Jataí, Val das Flores, Fernando, além de pessoas da região rural de Morada Nova.
Questionada, a Codevasf respondeu que não não houve “paralisação” da balsa no Porto São Vicente. Que a companhia poderá deslocar temporariamente a balsa desse porto para atender emergencialmente o Porto Novo, com maior demanda de veículos de passeio e de carga.
“A balsa de Porto Novo encontra-se em manutenção e os serviços devem ser concluídos em 21/12”, informou a empresa, em nota.
Por: Estado de Minas